Sábado, Fevereiro 22, 2025
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Viúvo de mulher que morreu após cirurgia plástica em BH chora e afirma: ‘Quero justiça’

A família de Claudineia Francisca Lima, de 46 anos, procurou a polícia após ela morrer por complicações em decorrência de um procedimento cirúrgico realizado em Belo Horizonte.

A mulher foi submetida a uma cirurgia de hérnia epigástrica e uma abdominoplastia e teve a traqueia perfurada durante o processo de anestesia. Os médicos não teriam constatado o erro e continuaram a cirurgia.

O procedimento foi realizado na clínica do cirurgião plástico Marcelo Regianni, localizada na regional Centro-Sul da capital mineira.

Ela foi transferida para o Hospital MedSênior, que constatou a perfuração, e depois para o Hospital Alberto Cavalcanti, onde foi realizada uma cirurgia de alta complexidade para tentar “costurar a traqueia”.

A Itatiaia conversou com Adinelson Valadares, viúvo da vítima, que deu detalhes do que aconteceu.

“Ela era meu tudo. Deixou dois netos e dois filhos. O que eu quero agora é justiça para reparar. Essa perda não vai voltar, mas que outras pessoas não tenham o mesmo problema que ela teve”, diz o viúvo.

Ele conta que a equipe médica afirmou que o corte na traqueia de Claudineia foi “muito profundo”. “Furou em um lugar que todos os médicos falaram que nunca tinham visto”.

O médico-cirurgião plástico Marcelo Regianni se manifestou por meio da nota. Veja na íntegra

“A cirurgia plástica foi realizada na quinta-feira, 13 de fevereiro, em um hospital-dia localizado no Condomínio Lifecenter, em Belo Horizonte. O local possui autorização para a realização segura de diversos procedimentos médicos.

As intervenções foram feitas sob anestesia geral, que exige intubação. Essa escolha foi necessária visto que a anestesia peridural não foi completamente eficaz, conforme identificado pela anestesista. Ou seja, não houve perfuração da traqueia da paciente pelo cirurgião plástico. A intubação foi realizada pela anestesista como um procedimento padrão para a cirurgia.

A equipe médica não identificou nenhuma intercorrência durante o procedimento, que foi concluído e a paciente foi encaminhada ao quarto para observação e recuperação, conforme protocolo pós-operatório padrão.

Duas horas após a internação no quarto, a equipe observou inchaço na face da paciente, compatível com um quadro de anafilaxia (reação alérgica), e todas as medidas necessárias foram tomadas. Diante da evolução do quadro, mesmo com suporte médico devido, o cirurgião estando presencialmente com a paciente recomendou a internação emergencial em um hospital com maior estrutura.

O cirurgião atribui o agravamento do caso à demora no tratamento efetivo, ocasionado por sucessivas transferências entre hospitais após a cirurgia plástica e que estão listadas a seguir. Durante todo o período após a cirurgia, ele manteve contato próximo com a família, prestando apoio de forma ética e empática.

 

Esclarecimentos principais

 

O cirurgião perfurou a traqueia da paciente?

Não. A intubação foi realizada pela anestesista, como procedimento padrão para a cirurgia.

 

O cirurgião realizou a plástica em uma clínica?

Não. A cirurgia foi realizada em um hospital-dia localizado no Condomínio Lifecenter, em Belo Horizonte.

 

O cirurgião tinha conhecimento da lesão na traqueia?

Não. Durante a cirurgia plástica, não houve qualquer intercorrência que indicasse essa complicação.

 

Por que o cirurgião recomendou a transferência da paciente para um serviço de emergência?

Devido à gravidade do quadro de anafilaxia e à falta de resposta ao tratamento.

 

Quando o cirurgião tomou conhecimento da gravidade do caso?

A gravidade do caso foi confirmada após a realização da tomografia, indicada por outro serviço de saúde, quando o diagnóstico inicial de anafilaxia foi descartado.

 

 

Linha do tempo das transferências da paciente

 

Após a recomendação de transferência pelo cirurgião, a paciente deu entrada no Pronto Atendimento do Hospital Lifecenter, localizado no mesmo complexo do hospital-dia. Durante o atendimento, a equipe de plantão também suspeitou de anafilaxia e conduziu o tratamento com base nesse diagnóstico. No entanto, como a operadora de saúde da paciente não era aceita pelo hospital, a família optou por transferi-la para o Pronto Atendimento do Hospital MedSênior, na Pampulha. Como não havia risco imediato à vida, as equipes do Hospital Lifecenter e do cirurgião apoiaram a transferência.

 

No MedSênior, a equipe de emergência ampliou a investigação diagnóstica, pois o quadro continuava evoluindo mesmo com o tratamento para anafilaxia. Após a realização de uma tomografia, foi identificada lesão na traqueia e recomendada a internação para cirurgia torácica. No entanto, devido ao período de carência do plano de saúde da paciente e à ausência de risco iminente à vida naquele momento, a recomendação foi transferi-la para um hospital público (SUS).

 

Nesse ponto, a operadora já havia acionado uma ambulância para a transferência. Inicialmente, a família recusou a remoção, mas, após nova avaliação da necessidade, aceitou. Entretanto, foi necessário acionar outra ambulância, o que resultou em um atraso de aproximadamente duas horas na transferência para o Hospital Alberto Cavalcanti, localizado no Padre Eustáquio, isso na sexta-feira (14/02). No sábado (15/02), a paciente passou por um procedimento pela cirurgia torácica mais invasiva, sofreu duas paradas cardíacas e, infelizmente, faleceu.

A anestesista mencionou ao cirurgião algumas hipóteses para a perfuração da traqueia, que são descritas na literatura médica como riscos inerentes à manipulação da via aérea para intubação. Entre elas, estão possíveis lesões causadas pela guia utilizada para a intubação ou ruptura provocada pelo próprio tubo.

Em observação ao sigilo médico e à LGPD o cirurgião não cita o nome da paciente e de seus familiares e nem maiores detalhes sobre o procedimento. No entanto, coloca-se à disposição para o esclarecimento dos fatos.”

*Por Rádio Itatiaia

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