A operação contra a divulgação de rifas ilegais, lavagem de dinheiro, associação criminosa e o crime contra a economia popular, que teve como um dos alvos o influenciador de Belo Horizonte, Nelio Dgrazi, que tem 1,3 milhão de seguidores no Instagram, também apreendeu diversos veículos e outros itens de marca. Entre eles estão carros como BMWs, Range Rover Evoque, Chevrolet Camaro e, até mesmo, um Chevette.
A operação foi deflagrada nesta terça-feira (20 de agosto) após a Justiça determinar o bloqueio de R$ 25 milhões dos investigados. Um vídeo divulgado pela Polícia Civil de Minas Gerais, que atuou como apoio à Polícia Civil do Paraná, que foi a responsável pela investigação, mostra os vários carros que acabaram apreendidos.
Nelio Dgrazi é conhecido por vídeos nos quais realiza manobras de risco em carros de luxo, que alcançam milhões de visualizações – veja exemplo abaixo. No início de julho, ele publicou ter batido o “recorde mundial de Drift”, um tipo de derrapagem de veículos. O perfil de Dgrazi é seguido por um dos funkeiros de maior sucesso no Brasil, o Kevin o Chris.
Rifas ilegais
Conforme a investigação da Polícia Civil do Paraná (PCPR), Nelio Dgrazi é investigado pelos crimes de promoção de rifas ilegais, lavagem de dinheiro, associação criminosa e crime contra a economia popular.
No seu perfil do Instagram, o influenciador promovia sorteios de dinheiro. Em um dos resultados fixados, ele mostra supostos sorteados para receber a transferência de quantias de R$ 500 mil e R$ 27 mil.
A reportagem tentou contato com o influenciador, mas não obteve sucesso. O espaço segue aberto.
A operação da PCPR
A operação ocorre, simultaneamente, em Belo Horizonte, em Rio Branco do Sul, no Paraná, e em Itapema e Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Ao todo, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos influenciadores digitais. À pedido da polícia, a Justiça bloqueou R$ 25 milhões que teriam sido levantados pelos investigados no último ano pela prática ilegal.
Veículos de luxo, itens de grife e joias foram apreendidos na residência dos influenciadores. Conforme o delegado da PCPR Gabriel Fontana, os crimes apurados são, além da promoção das rifas ilegais, lavagem de dinheiro, associação criminosa e crime contra a economia popular.
“Apesar de terem se tornado extremamente populares recentemente, as rifas de veículos e valores em dinheiro só podem ser realizadas se devidamente autorizadas pelo Ministério da Fazenda. Não atendidos tais critérios, são consideradas contravenção penal”, explica Fontana.
Sorteio de dinheiro
De acordo com o delegado, a investigação também apura um tipo de “sorteio de dinheiro” ilegal praticado pelos influenciadores digitais. Nesse tipo de divulgação, os números sorteados são sempre dos próprios criminosos.
“Nesses sorteios, o comprador ganha um ‘número da sorte’ entre 01 a 9.999.999. Acontece que nos sorteios regulares, baseados na loteria federal, são utilizadas somente 5 dezenas, em composições que variam de 01 a 100.000. Há fortes indícios de que tais sorteios sejam fraudados para que os valores nunca saiam de dentro do grupo criminoso”, completa o delegado.
As contas nas redes sociais e o site em que exploravam os sorteios foram suspensos, segundo a Polícia Civil, mediante autorização judicial.
As investigações prosseguirão com o objetivo de identificar outros envolvidos no crime.
O que diz a PCMG?
“Sobre a operação em andamento, a PCMG informa que prestou apoio à Polícia Civil do Paraná no cumprimento de mandado de busca e apreensão na residência do investigado.”
Com informações de Isabela Abalen