O motorista do ônibus que capotou com torcedores do Corinthians na Fernão Dias, no último domingo (20), e deixou sete mortos, pode ser indiciado por homicídio culposo e lesão corporal culposa por cada vítima que estava no veículo. A Polícia Civil entende que o motorista assumiu a condição de colocar vidas em risco e apura se o condutor ingeriu bebida alcoólica no dia do acidente.
Até o momento as investigações confirmaram que por volta 2:50 da madrugada o motorista gritou que estava sem freio e logo em seguida atingiu o barranco. Segundo o delegado responsável pelo inquérito, Helton Costa, do Departamenento Estadual de Crimes de Transito (Deictran) a perícia constatou defeitos no freio do ônibus e que não havia marcas de frenagem na pista.
“O motorista de fato gritou que havia perdido os freio instantes antes do acidente e o ônibus impactou de forma violenta contra o barranco e capotou em seguida. Ele bateu com a velocidade que vinha imprimindo, sem nenhum tipo de redução” explicou o delegado.
Além disso, o veículo apresentava uma série de irregularidades. O ônibus não tinha autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para transporte interestadual de passageiros e tacógrafo, a caixa-preta do ônibus, está sem registro. Ainda de acordo com delegado, os pneus do ônibus estavam com desgaste acima do permitido e algumas poltronas sem cinto de segurança.
“Pelo que foi juntado aos autos até o momento, verifica-se que houve uma negligência por parte dele, pela falta desses cuidados, desses equipamentos obrigatórios ou até mesmo uma imperícia, pois essa não era a atividade dele e diante da falta desses elementos, culminou nesse acidente fatal e trágico”, explica o delegado.
O motorista é dono da empresa e do veículo contratados para a viagem, a CFV Martins Transportes – ME. A investigação apura se a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do motorista estava regular. A suspeita é que ele tenha cometido uma infração em 2021, que deveria ter suspendido o documento.
A Polícia Civil aguarda ainda resultados de exames toxicológicos coletados no Hospital Regional de Betim, para confirmar se o motorista ingeriu bebida alcólica horas antes do acidente.
Segundo o delegado, o condutor já tem registro de lesão corporal culposa em São Paulo.
O motorista está internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Público Regional de Betim, na Grande BH. De acordo com o hospital, o estado de saúde dele é considerado “delicado”, mas tem respondido bem ao tratamento médico.
O crime de homicídio culposo no trânsito prevê detenção de 2 a 4 anos e suspensão ou proibição de se obter a habilitação para dirigir. Já a pena de lesão corporal no trânsito é de detenção, de dois meses a um ano.
*Por Portal Hoje em Dia