Técnico do Atlético San Luis, do México, o brasileiro Gustavo Leal, de 37 anos, exaltou o trabalho de Nicolás Larcamón, que esteve por último no León, também daquele país, e foi anunciado como novo comandante do Cruzeiro nesta quarta-feira (20).
Leal enfrentou o novo treinador da Raposa em duas oportunidades – e venceu as duas. No primeiro encontro, o Atlético San Luis venceu por 3 a 0 em duelo válido pela primeira fase do Campeonato Mexicano. Depois, triunfou por 3 a 2 na repescagem para o mata-mata.
“É um treinador bastante singular, era muito difícil jogar contra as equipes dele (Larcamón) porque era uma coisa diferente, sai do senso comum de alguns trabalhos. Tem um time muito intenso, tenta pressionar alto sempre. É difícil receber a bola com espaço jogando contra ele, tem uma marcação chegando junto”, disse.
“Por muitas vezes busca uma referência homem a homem, então isso às vezes é chato, porque sempre tem alguém te pressionando, não se consegue achar tantos espaços para se posicionar, mover o bloco do adversário. Eram jogos muito difíceis, com uma equipe que nunca se entregou, independente do resultado, lutava até os minutos finais”, complementou.
Estilo de Larcamón
O técnico brasileiro detalhou o modelo de jogo do León. Ele explicou que Larcamón escalou o time por vezes com três zagueiros e em outros momentos com uma linha de quatro na defesa. Leal ainda revelou outras características da equipe.
“Ele jogou a maior parte do tempo com três zagueiros e uma linha de cinco. Os zagueiros com liberdade para progredir, então se tem espaço para avançar ele avança. Nesse último torneio ele oscilou entre três zagueiros e linha de quatro, acho até que terminou com a linha de quadro”, relatou.
“É isso, jogadores agressivos com e sem a bola, pontas que tentam buscar o um para um, a área sempre muito cheia. Chegou a jogada pelo lado, vai ter, no mínimo, três jogadores preenchendo a área no momento do cruzamento. É uma equipe que tem um volume e uma intensidade de jogo interessantes, tanto que foi a campeã da Concachampions e que acabou de disputar o Mundial”, complementou.
‘Treinador intenso’
Nas duas oportunidades em que enfrentou Larcamón, Leal conseguiu observar a intensidade com que o treinador comandava a equipe. O brasileiro ainda deu detalhes do comportamento dos auxiliares do argentino.
“É um treinador muito intenso, não só ele como toda a sua comissão técnica. É muito participativo, durante muitas vezes do jogo vai ser muito comum você ver os dois auxiliares falando com ele, conversando muito, por vezes juntos olhando o Ipad com as imagens do jogo. Por muitas das vezes o auxiliar fica na beira do campo passando informação”, contou.
“Ele e os auxiliares são muito intensos, assim como é a sua maneira de jogar. De ser agressivo, querer pressionar o tempo inteiro, isso reflete na beira do campo de um treinador que fala quase o jogo inteiro, que joga junto. Por vezes recebe os seus cartões amarelos, mas contra a gente nunca passou do ponto, sempre foi muito ético, muito educado. Claro, na hora do jogo ele defende o lado dele, quer ganhar e acaba sendo um treinador bastante intenso na beira do campo”, complementou.
Larcamón tem uma comissão técnica de mais quatro profissionais: um treinador-adjunto, um auxiliar, um preparador físico e um analista de desempenho. São eles Javier Berges, Damián Ayude, Juan Cruz Gutiérrez Mónaco e Miguelangel Vásquez.
Quem é Gustavo Leal
Natural de Petrópolis, no Rio de Janeiro, o técnico Gustavo Leal iniciou a carreira nas categorias de base do Fluminense. Entre 2015 e 2019, comandou desde o sub-15 até o sub-20.
Leal participou das formações de jogadores como o meio-campista André, que segue no Tricolor, João Pedro (Brighton), Evanilson (Porto) e Luiz Henrique (Betis), entre outros.
Já no profissional, o treinador brasileiro foi auxiliar de André Jardine por três anos, inclusive durante o ciclo olímpico que acabou com a medalha de ouro para o Brasil na Olimpíada de Tóquio, em 2020.
“Fui para a Seleção Brasileira, no projeto Olímpico, onde a gente conseguiu, primeiro, classificar a Seleção para as Olimpíadas. Depois, conseguimos ganhar essa medalha de ouro. Foi uma das coisas, talvez, mais importantes que tenham acontecido na minha carreira nestes últimos anos”, relembrou.
Depois da transferência de Jardine para o América do México, em junho deste ano, Leal foi convidado para seguir no Atlético San Luis e assumir a liderança da comissão técnica. Já em seu 1º torneio, levou o time à semifinal, um feito até então inédito para o clube, eliminando o poderoso Monterrey.