Seguindo à risca a tradição inaugurada pelo Brasil na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) há mais de 70 anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abrirá o debate geral da cúpula às 9h no horário local (10h em Brasília) de terça-feira (19) e será o primeiro entre os representantes dos países a discursar no encontro anual em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Antes do brasileiro discursam apenas o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e o presidente da Assembleia Geral, Dennis Francis. Após a declaração de Lula, discursará o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e chefes de outras 14 nações o seguirão — entre eles, o ucraniano Volodymyr Zelensky. O encontro entre representantes das nações e seus discursos serão transmitidos ao vivo pela TV online da ONU e pelo canal das Nações Unidas no YouTube.
Por que o Brasil abre a Assembleia Geral da ONU?
Tradicionalmente, o Brasil abre a reunião de líderes da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nos Estados Unidos, sendo seguido pelo presidente norte-americano. O legado brasileiro no maior encontro da diplomacia internacional começou a ser construído em 1949, e a ordem de abertura respeitada até os encontros atuais foi estabelecida em 1955 — o secretário-geral da ONU, o presidente da Assembleia Geral e os presidentes de Brasil e Estados Unidos. Apesar da herança, não há explicação oficial para o privilégio brasileiro e duas vertentes, pelo menos, explicam o fato de a abertura caber ao país, são elas:
- Coube ao diplomata brasileiro Oswaldo Aranha a incumbência de inaugurar a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em 1947, ocasião em que chefiou a delegação brasileira na recém-criada cúpula de líderes e participou da aprovação da criação do Estado de Israel; cotado, aliás, para o Nobel da Paz pela atuação na divisão dos estados. Esta vertente sustenta que a manutenção do Brasil como o país responsável pela abertura do debate geral é uma homenagem ao brasileiro e à importância de seu papel.
- A segunda vertente sustenta que o Brasil se voluntariou como primeiro orador em 1949, 1950 e 1951, diante da inação de outros chefes de Estado, que fugiam à incumbência de inaugurar a reunião. Assim, a organização teria decidido coroar a postura da diplomacia brasileira, garantindo perpetuamente ao país o direito de abrir a Assembleia Geral; o que excepcionalmente não ocorreu nos anos de 1983 e 1984, quando o presidente norte-americano Ronald Reagan abriu as reuniões.
*Da Redação Itatiaia