O Conselho Nacional do Ministério Público deve analisar um bate-boca com ofensas consideradas machistas que aconteceu em um juri popular em Belo Horizonte no dia 26 de março. Conforme o relato, na ata da sessão de julgamento, o promotor Francisco Santiago ofendeu a advogada criminalista Sarah Quinetti, chamando-a de “galinha garnizé” e teria dito que ela fez “striptease” no julgamento.
Os advogados Rodrigo Badaró e Rogério Varela, integrantes do Conselho Nacional do Ministério Público, protocolaram reclamação disciplinar contra o promotor. Na representação, os advogados afirmam que ele, em vez de tentar convencer os jurados com argumentos, preferiu dirigir ofensas à advogada, que estava no pleno exercício de sua função.
Após a confusão, a advogada ainda filmou um trecho do bate-boca, que está circulando nas redes sociais. “Você é neurótica”, grita o homem. Ela responde: “Ele está tratando a mim (dessa forma) porque eu sou uma mulher”. O julgamento foi adiado pela juíza Marcela Oliveira D. de Moura após a confusão.
‘Traumatizada’
A reportagem da Itatiaia conversou a advogada, que disse ter ficado muito decepcionada com a situação e que isso nunca havia ocorrido em sua carreira.
“Poderia de fato nada daquilo ter acontecido. Em nenhum momento, me reportei a ele com dizeres ou palavras de baixo calão. Eu ainda estou bem traumatizada com a situação como advogada, bem chateada. Não queria que tivesse tomado essa proporção. Mas creio que ele pensará duas vezes antes de cometer uma situação dessa contra qualquer pessoa — sendo advogada, mulher, advogado ou homem, ou qualquer outro cidadão que esteja à frente dele. Ele não pode usar autoridade dele para humilhar ou ofender ninguém”, disse.
A Procuradoria de Prerrogativas da OAB de Minas afirma que não foi informada oficialmente sobre o ocorrido.
A Corregedoria-Geral do Ministério Público de Minas Gerais, órgão local responsável por analisar eventuais representações relativas a membros da instituição, afirma que ainda não recebeu representação do Conselho Nacional do Ministério Público.
O que diz o promotor
A reportagem também falou, por telefone, com o promotor Francisco Santiago, que não quis gravar entrevista no momento. Ele alega que foi um debate acalorado das teses do julgamento e afirma que reagiu a primeiras ofensas que teriam sido proferidas por ela. Ele nega ter havido machismo.
*Por Rádio Itatiaia