O senador Sérgio Moro (União) reagiu neste sábado (12) às críticas feitas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes durante a 11ª edição da Brazil Conference, realizada em Harvard, nos Estados Unidos. Gilmar defendeu o também ministro Alexandre de Moraes e rejeitou comparações com o ex-juiz da Lava Jato, que hoje ocupa uma cadeira no Senado.
Durante o evento, Gilmar afirmou que não há justificativas para que Moraes seja afastado dos inquéritos que investigam os atos golpistas de 8 de janeiro, como pedem aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, Moraes já era o relator original das apurações e não age em causa própria. “Não se pode nem de longe comparar Alexandre com Moro. Moro, de fato, se associa ao Bolsonaro. Ele, antes das eleições, já tem conversas com Bolsonaro, aceita ser ministro da Justiça de Bolsonaro”, disse o decano do STF.
Gilmar Mendes também voltou a criticar a Operação Lava Jato, classificando a força-tarefa de Curitiba como uma “organização criminosa”. Disse ainda se orgulhar de ter contribuído para o “desmanche” da operação. O ministro arrancou risos da plateia ao relatar um diálogo com Bolsonaro. “O presidente disse: ‘A gente errou muito, fiz muita besteira. Você vê, eu nomeei o Moro’. Eu falei: ‘Talvez tenha sido seu maior acerto. Primeiro nomear o Moro, depois devolvê-lo ao nada’”.
Reação de Moro
A fala provocou resposta imediata de Moro, que trocou acusações com o ministro. “Gilmar Mendes deveria primeiro explicar as relações dele com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Ele foi perguntado a respeito pelos presentes?”, afirmou o senador, em nota enviada à imprensa.
A crítica de Moro faz referência à atuação de Gilmar em uma decisão que, em janeiro de 2023, devolveu Ednaldo Rodrigues à presidência da CBF após ele ter sido afastado por determinação judicial. O Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), fundado por Gilmar Mendes, mantém contrato com a CBF para administrar a CBF Academy, braço educacional da entidade.
Além das trocas de farpas, Gilmar também usou o palco da conferência para rebater críticas ao Supremo por suposto “ativismo judicial”. Para ele, há uma incompreensão sobre o papel da Corte. Ao brincar com a comparação entre os ministros e os jogadores da seleção brasileira, afirmou: “Todos sabem que a seleção não está indo muito bem”.
O ministro concluiu destacando o esforço recente do Supremo em atuar de forma mais coletiva. “Protagonizar o tribunal. Esse é um grande aprendizado”, afirmou.
*Com informações de Agência Estado