Kafr’Nima é uma cidade da Cisjordânia a 13km de Ramallah, onde fica a sede da Autoridade Palestina. Os moradores da área de maioria muçulmana, a 70 km da Faixa de Gaza, vivem bloqueios inéditos há uma semana, desde os ataques do Hamas e da resposta militar de Israel na fronteira. As crianças pararam de ir à escola e o comércio está fechado. O exército israelense bloqueou o acesso entre as cidades da Cisjordânia e de longe é possível ouvir bombardeios em áreas palestinas. O medo ronda os vizinhos.
O relato é do jornalista e produtor Mohhamad Ataya, que conversou com a Itatiaiapor telefone. Ele conta que a mulher e os seis filhos evitam sair de casa e se assustam com as notícias de ataques cada vez mais perto.
Nesta sexta-feira (13), além dos ataques à Faixa de Gaza para combater o Hamas, Israel ampliou os bombardeios para o Sul do Líbano, onde atua o grupo extremista Hezbollah. Um jornalista da agência Reuters morreu no ataque. Segundo autoridades locais, o número de mortes chega a 1.799 em Gaza e 1.300 em Israel.
Na Cisjordânia, o medo é crescente.
“Os pontos de controle militar (de Israel) fecharam a Cisjordânia. Milhares de pessoas não podem se deslocar para seus trabalhos, estão atacando aldeias, queimando casas. Estamos proibidos de chegar a Jerusalém e de ir de uma cidade a outra. Estamos vivendo uma situação terrível”, lamenta.
Ele demostra preocupação com os habitantes de Gaza, que estão sujeitos a ataques aéreos, tiveram energia e água cortadas e não têm para onde fugir. “Temos parentes em Gaza, eles são também o nosso povo. Minha mulher tem uma irmã que vive em Gaza, ela não pode dormir. Dentro da casa dela e não pode dormir. Aqui ficou mais perigoso, mas em Gaza é um desastre”, compara.
São 75 anos querendo liberdade e o estabelecimento de um Estado Palestino. São muitos anos de ocupação da nossa terra.
Mohhamad Ataya percebe que as relações entre colonos e soldados israelenses e moradores da Cisjordânia pioram em tempos de crise. “É muito perigoso, os soldados (de Israel) matam por matar. Se desconfiam de qualquer coisa, saem atirando no meio da rua”.
A gente não pensa em mais nada (para o futuro). A gente só pensa no que aconteceu uma hora atrás, e no que pode acontecer daqui a uma hora. Ninguém quer saber se outra coisa, a gente quer voltar para a vida normal. Deus ajuda, é a verdade”, finaliza.
*Da Redação Itatiaia