“Me tiraram do ramo, me tiraram da minha casa, me tiraram do meu lar”, lamenta Jerônimo Cristóvão. Autônomo, ele morava com a esposa e o filho na comunidade de Casquilho de Cima, na cidade de Conceição do Pará (MG) e, no dia 7 de dezembro, teve a vida mudada depois que a pilha de rejeitos da Mina de Turmalina, da Jaguar Mining, desmoronou.
Neste sábado (28), a Jaguar Mining publicou uma nota em suas redes sociais afirmando que “por segurança, o Comando Unificado de Operações, definiu que o acesso à comunidade de Casquilho de Cima não está autorizado, por tempo indeterminado. O Comando é composto por autoridades municipais, estaduais, além de integrantes da Jaguar Mining”.
Para a Itatiaia, o prefeito de Conceição do Pará, José Cassimiro Rodrigues (MDB), afirmou que há policiais e seguranças no local para impedir que as pessoas entrem no espaço.
Ainda segundo a publicação, um planejamento para que as pessoas afetadas possam voltar às casas interditadas e buscar itens pessoais de forma segura e controlada já foi iniciado.
Jerônimo conversou com a Itatiaia neste domingo (29), depois da divulgação da postagem. Ele afirma que a Jaguar não deu nenhum outro esclarecimento aos moradores sobre como ou quando eles poderão retornar às suas respectivas residências. “Eu vivi 42 anos na minha comunidade e veio essa empresa. Gerou emprego e tal, mas é minha casa”, lamentou.
Famílias afetadas
O colapso parcial da pilha de rejeitos obrigou a retirada de trabalhadores que atuavam na mina e deixou cinco casas soterradas e pelo menos outras 109 interditadas. Ao menos 134 pessoas precisam deixar suas casas às pressas.
A Agência Nacional de Mineração (ANM) determinou a imediata interdição e suspensão de todas as atividades na Mina de Turmalina um dia depois do caso.
O Ministério Público pediu o bloqueio de 200 milhões de reais da Jaguar Mining e pagamento de auxílio emergencial. A Justiça concedeu alguns dos pedidos e determinou que a mineradora fizesse o pagamento de R$ 10 mil para cada núcleo familiar removido de seus imóveis, uma espécie de auxílio emergencial imediato. Segundo Jerônimo, o dinheiro foi pago, mas não é o suficiente. “Me tiraram do ramo, me tiraram da minha casa, me tiraram do meu lar”, afirmou.
Outro lado
A Itatiaia procurou a prefeitura de Conceição do Pará, mas até agora não tivemos retorno. Procuramos também a Jaguar Mining, que informa, em nota, que está “trabalhando intensamente para realocar as famílias de Casquilho de Cima”. Segundo a empresa, apesar das chuvas registradas nos últimos dias na região, não houve impacto na pilha de rejeitos, consequentemente não tendo movimentações significativas de materiais.
Leia a nota da Jaguar Mining na íntegra:
A Jaguar Mining informa que, por segurança, o Comando Unificado de Operações, definiu que o acesso à comunidade de Casquilho de Cima não está autorizado, por tempo indeterminado. O Comando é composto por autoridades municipais, estaduais, além de integrantes da Jaguar Mining.
Esse mesmo Comando está estudando alternativas para conceder acesso às pessoas realocadas aos seus imóveis para retirada de itens pessoais, de modo que aconteça de forma segura, ordenada e controlada à área interditada.
Desde o momento do deslizamento da pilha de rejeitos/estéril, no dia 07 de dezembro, a Jaguar Mining está trabalhando intensamente para realocar as famílias de Casquilho de Cima. Elas foram encaminhadas para hotéis e para imóveis alugados pela Jaguar. Pelo tempo que perdurar a situação, a empresa prestará todo o auxílio às pessoas realocadas.
Sobre o grande volume de chuvas registrado nos últimos dias na região, informamos que não houve impacto na pilha de rejeitos/estéril, não havendo, portanto, movimentações significativas de materiais. Na última semana, as obras emergenciais de contenção da pilha de rejeitos/estéril foram concluídas, e incluíram a construção de um dique de contenção e de estruturas para a retenção de sedimentos de águas pluviais.
A Jaguar Mining informa que a empresa permanece à disposição para esclarecer dúvidas através dos canais de contato – Telefone gratuito: 0800 942 0312 e E-mail casquilho@jaguarmining.com.br.
*Por Rádio Itatiaia