A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), disse, neste sábado (24), que o governo federal trabalha pela retomada das negociações em prol do acordo de Mariana. As conversas entre o poder público e as mineradoras responsáveis pelo rompimento da barragem de Fundão, em 2015, foram interrompidas em dezembro do ano passado. Ainda não há acordo quanto ao valor da indenização a ser paga por causa de danos socioambientais causados pelo derramamento de lama.
“Estamos trabalhando para que as negociações voltem. Até porque há uma ação correndo em Londres contra a BHP (uma das mineradoras envolvidas). Com certeza, o Brasil quer ver essa questão resolvida”, disse Marina, em entrevista exclusiva à Itatiaia em Belo Horizonte.
Além da BHP, as companhias Vale e Samarco também participavam das conversas por um acordo. O impasse, neste momento, é financeiro: as companhias querem pagar menos do que o valor sinalizado.
“O governo vai agir de acordo com o dano. Razoável é o que faz a reparação e a compensação, quando não é possível reparar. O problema é que, nesse debate, houve uma postura das empresas de não querer reconhecer que o custo econômico tem de ser proporcional aos custos ambiental e social causados. E temos um custo irreparável: a perda da vida das pessoas”, completou a ministra.
No início do ano, interlocutores do governo mineiro chegaram a projetar uma nova proposta financeira das mineradoras ainda em janeiro. Dos R$ 120 bilhões totais do acordo, um novo aporte, de R$ 60 milhões, vinha sendo negociado, pois, segundo as mineradoras, a outra metade fora quitada em indenizações e outras reparações.
Apesar disso, no início de dezembro, as companhias ofereceram R$ 40 bilhões em novos recursos. O governo federal, por sua vez, calculou as cifras e pediu R$ 90 bilhões.
Segundo Marina Silva, o trabalho do governo federal é multidisciplinar e considera diversos aspectos relacionados às áreas afetadas pela tragédia, que, além de devastar o Rio Doce, matou 19 pessoas.