Mais de 200 pessoas foram condenadas na Itália por participação na máfia mais poderosa do país, a ‘Ndrangheta. O julgamento, que durou quase três anos, teve sua sessão final nesta segunda-feira (20). As penas chegam até 30 anos de prisão.
Segundo informações da AFP, dos 338 acusados que compareceram em primeira instância ao tribunal de Lamezia Terme,207 foram considerados culpados e condenados e 131 foram absolvidos.
Durante o julgamento, os acusados detalharam as ações criminosas da ‘Ndrangheta. Entre elas, destacam-se:
- Grande influência sobre a população local;
- Fraude em licitações e eleições;
- Armazenamento de armas em cemitérios;
- Transporte de drogas em ambulâncias;
- Água da população desviada para irrigação de plantação de maconha.
As penas, lidas pela juíza Brigida Cavasino, variam entre meses e 30 anos de prisão. A Promotoria havia pedido um total de quase 5.000 anos de condenação contra os acusados e cúmplices, incluindo funcionários públicos, autoridades locais e policiais de alta patente.
Um dos réus mais conhecidos, o ex-senador Giancarlo Pittelli, de 70 anos, foi condenado a 11 anos de prisão.
‘Ndrangheta
A ‘Ndrangheta surgiu na região da Calábria, no século XVIII, por volta de 1780. Hoje é considerada a maior e mais poderosa das máfias italianas. O grupo está presente em quase 40 países e exerce grande controle em sua região.
Especialistas calculam que o grupo é composto por cerca de 150 famílias, fatura cerca de 50 bilhões de euros (cerca de 54,5 bilhões de dólares ou R$ 265,5 bilhões) a nível mundial.
Desde janeiro de 2021, três juízes ouviram diversas testemunhas, incluindo mafiosos que se arrependeram e tornaram-se colaboradores da Justiça. O crime organizado é liderado pela família Mancuso e seus associados, um importante clã da ‘Ndrangheta que controla a província de Vibo Valentia.
As famílias que se opõem à máfia são ameaçadas e até assassinadas. Algumas das práticas do grupo incluem deixar filhotes de cachorros mortos ou cabeças de cabra em suas portas. Os mafiosos também incendeiam carros e saqueiam as janelas de lojas como forma de aviso. Algumas pessoas foram espancadas, baleadas e outras ‘desapareceram para sempre’.
Com a ajuda da Interpol, a Itália conseguiu, nos últimos anos, encurralar redes da organização criminosa.
*Com informações da AFP