Uma servidora pública de 25 anos denunciou ter sido vítima de injúria racial por parte de clientes de um supermercado em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, na última sexta-feira (15 de novembro). A Polícia Civil informou que o suspeito, de 46 anos, foi preso em flagrante e encaminhado ao sistema prisional. Raquel Souza, a vítima, ressalta que episódios como esse reforçam a importância do Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quarta-feira (20 de novembro), como “um momento de luta ainda mais intensa contra o preconceito racial”.
A jovem relatou que tudo começou enquanto ela e o pai aguardavam na fila para passar as compras no caixa do estabelecimento. “Observamos que um casal queria ser atendido em um caixa destinado a 15 volumes, embora estivessem com uma quantidade maior do que a permitida. Por isso, a operadora explicou que não poderia atendê-los”, contou Raquel.
Diante da recusa, o casal, segundo a servidora pública, passou a ofender a funcionária do supermercado. “Ficamos incomodados com a situação, pois eles estavam xingando uma senhora. A supervisora do estabelecimento também tentou intervir, mas, a todo instante, eles continuavam com os ataques, inclusive usando palavrões”, relatou.
Raquel lembrou que, enquanto ela e o pai tentavam argumentar com o casal, ouviu uma ofensa de cunho racial. “Eles mandavam a gente cuidar da nossa vida e, em determinado momento, o homem virou para mim e disse: ‘Fica na sua, cabelo duro’”, relatou a jovem.
A reação de Raquel foi imediata. “Mandei ele repetir, caso fosse homem, e avisei que ele só sairia daquele lugar preso. Chamei a polícia com o apoio dos funcionários do supermercado, que me ajudaram muito. A mulher, no entanto, dizia que ninguém seria preso porque eles não eram bandidos, e ainda mandava a gente calar a boca.”
O casal tentou deixar o supermercado, mas foi contido pelo pai de Raquel, que chegou a pular no carrinho de compras para impedir a saída. “Depois de um tempo, a polícia chegou. Todos nós relatamos o que aconteceu, e o agressor foi preso”, completou a vítima.
Investigação
Procurada pela reportagem, a Polícia Civil informou que o suspeito foi conduzido, ouvido pela autoridade policial e teve a prisão em flagrante ratificada. “Após os procedimentos, ele foi encaminhado ao sistema prisional, onde permanece à disposição da Justiça. A PCMG esclarece que a investigação prossegue para a completa elucidação do caso”, informou o órgão.
‘Dói tanto’
Raquel foi às lágrimas ao comentar o impacto da ofensa racial. “Amo meu cabelo e a minha história. É muito triste que uma pessoa tenha a maldade de usar isso para tentar ofender e desumanizar o próximo. Dói tanto. O nosso país é muito racista”, lamentou.
A servidora pública agradeceu o apoio que recebeu e fez um apelo para que as vítimas de racismo não se calem. “Por mais que pareça algo pequeno, não é. É fundamental denunciar e buscar apoio. As pessoas precisam entender que não ficarão impunes e que racismo não é algo aceitável”, concluiu.
*Por O Tempo