Quinta-feira, Novembro 21, 2024
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Golpes na rede: Minas tem seis casos de estelionato virtual a cada hora em 2024

Uma ligação de número desconhecido. A mensagem que chega com um link estranho. Uma oferta aparentemente boa demais para ser verdade. Na internet são muitas as armadilhas colocadas por golpistas, que têm conseguido fazer cada vez mais vítimas.

Então, se deu dúvida, acredite que é um golpe, alertam as autoridades de segurança. A preocupação aumenta com a proximidade da Black Friday – no fim de novembro – e com a chegada das festas de fim de ano, quando aumentam as compras, principalmente as feitas pela internet, e, com isso, a atuação de criminosos fica ainda mais intensa.

Em Minas Gerais, a cada uma hora, em média, seis pessoas foram alvos de estelionato virtual neste ano. De janeiro a setembro, a Polícia Civil registrou 42.718 golpes, entre consumados e tentados. Faltando três meses para o fim do ano, esse número já é quase o apurado em todo o 2023, quando houve 44.038 casos. E a tendência é que em mais um ano os casos aumentem.

Os números crescentes assustam, e, para combater esse tipo de crime, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) lançou, no último dia 17, a megacampanha “Se deu dúvida, é golpe!”. O objetivo da instituição é chamar a atenção e conscientizar os mineiros, principalmente os idosos, sobre a atuação de criminosos que utilizam a internet para aplicar os mais diversos golpes de estelionato, como pix errado, promoções tentadoras, falsos atendentes de bancos, cupons de descontos e boletos falsos.

De acordo com o tenente-coronel da Polícia Militar Flávio Santiago, os estelionatos virtuais afetam não só Minas Gerais, mas o mundo. “Nossas mães, pais, filhos, amigos, todos correm o risco de cair nas mãos de estelionatários que se aproveitam da ingenuidade ou ocasião para aplicação de golpes. Por isso, a importância da campanha, sobretudo com a união de todos”, afirma Santiago.

A personal trainer Marina Stangherlin, de 28 anos, e a mãe dela, Patrícia Stangherlin, de 57, moradoras do Ipiranga, na região Nordeste de BH, costumam comprar de roupas e brinquedos a eletrônicos pela internet, por acharem o preço mais em conta. Elas contam que Patrícia, que trabalha como recepcionista, já caiu em diversos golpes.

“A primeira vez tem cerca de dez anos. Ela viu uma oferta de um notebook e uma cafeteira por R$ 300 e acabou pagando. Por mais que esse valor fosse alto para a época, todo mundo falou para ela que era golpe. E é claro que os produtos nunca chegaram”, conta Marina.

O mais recente aconteceu em setembro. Patrícia recebeu uma oferta de renda extra pelo WhatsApp, em que deveria realizar avaliações de produtos na internet, mas acabou tomando prejuízo.

“No início eles pagaram um valor para ela ir fazendo as avaliações. Mas, conforme ia fazendo, tinha que pagar uma ‘taxa’ para liberar novos serviços e ganhar mais dinheiro. Como eles pagaram corretamente no início, para iludir, ela acabou sendo enganada e teve um prejuízo de R$ 1.000. Fizemos o boletim de ocorrência, mas a esperança de recuperar o dinheiro é praticamente zero”, lamenta a personal trainer.

Black Friday e Natal atraem criminosos

A chegada do fim do ano significa, para muitas pessoas, receber o 13º salário e a participação em lucros de empresas: o momento é de gastar dinheiro. É nessa época do ano que acontece a Black Friday, dia em que o comércio de todo o país faz promoções e inaugura a temporada de compras para o Natal.

Para se ter ideia, a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) projeta que os brasileiros vão gastar em 2024 cerca de R$ 11 bilhões em compras pela internet na Black Friday – que acontece no dia 29 de novembro – e aproximadamente R$ 23 bilhões no Natal no país. Números que fazem crescer os olhos dos golpistas, como explica Márcio Stival, advogado especialista em direito digital e internet.

“Esse momento acaba sendo um facilitador para a ocorrência de golpes, principalmente por conta de ofertas. Então, acabam acontecendo muitas promoções falsas, com descontos mirabolantes. Os golpistas se aproveitam dessas datas festivas para agir. É preciso redobrar a atenção”, orienta.

Vice-presidente da ABComm, Rodrigo Bandeira acredita que a sensação de impunidade é o que mais motiva os golpistas.

“Acredito que, na cabeça do criminoso, estar atrás de um smartphone ou computador dá mais segurança a ele de sair ileso, mas temos visto muitas investigações elucidando casos de golpes. A internet ainda é um ambiente novo para muita gente, então é preciso ter todo tipo de atenção. E se, por acaso, cair em um golpe, é essencial fazer boletim de ocorrência para que a polícia tenha ciência e possa investigar”, orienta.

Faturamento em alta

Em 2023, o comércio eletrônico faturou R$ 185,7 bilhões, um crescimento de 9,5% em relação a 2022 (R$ 169,59 bilhões). “No Brasil ainda é um mercado que está em franco crescimento. Muitas lojas ainda não estão no ambiente virtual e devem ingressar num futuro próximo, além de existirem opções que antes você só tinha presencialmente, como fazer compras no supermercado”, afirma Rodrigo Bandeira, vice-presidente da ABComm.

Mineiros gastadores

Segundo levantamento da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, dos R$ 185,7 bilhões faturados pelo e-commerce no Brasil em 2023, Minas Gerais foi responsável por 10,95% (cerca de R$ 20,3 bilhões), sendo o segundo Estado que mais movimentou dinheiro nessa modalidade, atrás apenas de São Paulo, que teve 33,29% de participação (cerca de R$ 61,8 bilhões).

Prejuízo de milhões no brasil

Levantamento da ClearSale, empresa voltada à inteligência de dados e soluções antifraudes, mostra que o Brasil registrou mais de 1 milhão de tentativas de fraude no primeiro semestre de 2024. De acordo com os dados do “Mapa da Fraude”, o prejuízo, se todas as tentativas tivessem sido concretizadas, chegaria R$ 1,2 bilhão.

*Por O Tempo

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