Familiares de detentos do Centro de Remanejamento (Ceresp) Gameleira, na região Oeste de Belo Horizonte, denunciam que há uma superlotação na unidade. À Itatiaia, alguns deles afirmaram ter esperado até oito horas para conseguir visitar os parentes presos.
Segundo os relatos, agentes penitenciários também teriam pedido que a imprensa fosse acionada para divulgar a situação crítica dentro da unidade. De acordo com a motorista de aplicativo Graziela Cristina, que foi acompanhar um familiar na visita, os agentes afirmaram que a unidade tem capacidade para comportar 700 presos, mas que tem 1.700 no momento.
“É um descaso. Os familiares chegam aqui meia-noite do dia anterior (à visita) para guardar lugar. Hoje, o agente saiu aqui para comunicar os familiares que só tinham duas agentes femininas para atender. A visita começa a partir das 8h e os familiares foram entrar 11h30. A gente tem fila de prioridade aqui com criança e idoso e não tem um banheiro. Tem que ir no mato, com risco de queda. Fora a superlotação lá dentro. O próprio agente falou que tá tendo muita briga e casos de doença. Então, cadê o direito do preso? Cadê o direito da família? Todo mundo é ser humano”, desabafou.
O operador de máquinas Lucimar Magno conta que chegou ao Ceresp Gameleira às 5h da manhã e só conseguiu entrar para visitar o filho às 13h.
“Hoje a gente chegou aqui cedo e custou entrar. Tá muito lotado, não tem nem lugar para você sentar lá. É lamentável. Eu acho que o pessoal que tá lá dentro merece mais respeito. Eles não tem luz, não tem água potável, fica 30 numa cela, tem dia que é 40. Então, é sacanagem”, afirmou.
O presidente da Comissão Estadual de Assuntos Penitenciários da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas (OAB-MG), André Luiz Lima, confirma que a condição atual do Ceresp Gameleira é de superlotação e que monitora a situação.
“A situação de superlotação do Ceresp Gameleira realmente se confirma, tendo em vista que a Polícia Militar cumpriu aproximadamente 4 mil mandados de prisão em aberto. O fenômeno da superlotação desestabiliza qualquer tipo de programa de atendimento, ainda que melhor e mais avançado. A CAP vem monitorando a situação, de forma sistêmica”, afirmou.
A Itatiaia também procurou a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e aguarda retorno.
*Por Rádio Itatiaia