Na França, é possível comprar um imóvel com até 40% de desconto através de um contrato chamado “en viager”, uma expressão francesa que significa “vitalício”. Nesta modalidade, que pode parecer um pouco estranha, a compra de uma casa ou apartamento, geralmente de um idoso, é feita a um preço reduzido.
O comprador paga menos do que a média de mercado, mas só pode se mudar para a casa após a morte do proprietário. Os vendedores, geralmente idosos ou viúvos, recebem uma pensão mensal vitalícia e permanecem na propriedade até o fim de suas vidas.
Apesar de soar tentador, existe o risco do comprador não conseguir usufruir do imóvel se falecer antes do vendedor. Em alguns casos, o valor total pode acabar sendo maior do que o esperado, especialmente se o proprietário viver por muitos anos após o negócio. Nos anúncios dessas casas, é comum que a oferta informe a idade do dono.
Um caso famoso é o da jornalista Jeanne Calment, que em 1965, aos 90 anos, vendeu seu apartamento em Arles a André-François Raffray, um homem de 47 anos na época. Embora parecesse uma excelente oportunidade para Raffray, Calment viveu até os 122 anos, tornando-se a pessoa mais velha do mundo até sua morte em 1997. Raffray faleceu dois anos antes de Calment e nunca chegou a usufruir da compra, que acabou custando a ele o triplo de seu valor original devido ao longo período de pagamento.
Para evitar fraudes, como o possível desejo de antecipar a morte dos idosos para obter o imóvel mais rapidamente, a França realiza investigações sempre que um idoso vinculado a um contrato “en viager” falece. Se for constatado que a morte foi causada para antecipar a posse da residência, o contrato é anulado e a propriedade é transferida para os herdeiros do falecido.
*Por Rádio Itatiaia