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Chacina na Grande BH completa um mês sem prisão de mandantes e com desabafo de mãe: ‘Sonho com justiça’

Há exato um mês, em 23 de maio, duas crianças (um menino de 9 anos e uma menina de 11) e um homem de 26 foram assassinados a tiros em uma festa infantil em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte. As vítimas viviam em Vespasiano e estavam na cidade vizinha para celebrar o aniversário do pequeno Heitor Felipe, quando foram surpreendidas por dois criminosos, que interromperam a celebração e abriram fogo.

Mesmo identificados, nenhum dos mandantes da chacina em Ribeirão das Neves foi preso. Mãe de Heitor Felipe e esposa do homem assassinado, Evelen Eduarda, de 27 anos, diz que “sonha com Justiça”. “Tenho passado muitas noites em claro. Tenho certeza de que Deus está colhendo cada lágrima. É uma mãe querendo justiça, nada mais”, desabafa.

Em entrevista a O TEMPO, Evelen afirma que ainda guarda os pertences do filho. “A vida sem ele já não faz mais sentido. Tento me manter de pé, mas está difícil. Eu não consegui desfazer das coisinhas dele, estão todas arrumadinhas no quartinho dele”, conta Evelen, que reserva as forças para cuidar da filha mais nova, de 4 anos.

Foragidos

Cinco homens investigados por envolvimento no crime estão foragidos. Dois deles, os irmãos Flávio Celso da Silva, de 45 anos, o “Alemão”, e Leandro Roberto da Silva, de 43, o “Beirola”, são apontados pelas investigações como mandantes do crime. Eles seriam líderes do tráfico de drogas no bairro Morro Alto, em Vespasiano.

Também são procurados Marcelo Alves Rodrigues, de 35 anos, conhecido pelos apelidos de “Tio Gordo” e “Bola 7”; Agnes Danrlei Santos Nascimento, de 26, o “Biscoito”; e Fabiano Alves Campos, de 39. Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os cinco possuem mandados de prisão em aberto.

O único preso pelo crime foi detido no próprio dia da chacina. Yago Pereira de Souza Reis, de 23 anos, que seria um dos responsáveis pelos disparos, deu entrada em um hospital após ser baleado pelo próprio comparsa. Depois de receber atendimento médico, ele foi encaminhado para o sistema prisional.

Quem tiver informações sobre os suspeitos pode fazer denúncias anônimas pelo telefone 181.

Investigação

Em nota, a Polícia Civil afirmou que “as investigações prosseguem, e que devido à sensibilidade do caso, novas informações serão repassadas somente ao final do inquérito”. Uma fonte envolvida na investigação, que terá a identidade preservada, afirma que o inquérito está próximo do fim. Inicialmente, oito pessoas são investigadas por envolvimento no triplo homicídio.

Sonho

Aniversariante, Heitor Felipe nutria o sonho de se tornar jogador de futebol e mudar a vida da família. O talento do menino apontava para um futuro promissor: ele era acompanhado de perto pelas categorias de base do América e do Atlético, duas das principais equipes do futebol brasileiro.

O Atlético desejou condolências. “O jovem foi atleta do clube na iniciação (categorias abaixo de 14 anos), era acompanhado e participava de treinos mensais. Nossos sinceros sentimentos aos familiares e amigos. Descanse em paz”, disse. Embora fosse observado de perto pelo Galo, Heitor era cruzeirense. A torcida celeste também prestou homenagem para o menino, levando uma faixa com o nome dele para o Mineirão.

Crime

Familiares e amigos comemoravam o aniversário de Heitor Felipe, de 9 anos, em um espaço no bairro Areias, em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte. As comemorações tiveram início cedo, às 9h de quinta-feira, 23 de maio, e se estenderam durante o dia.

Por volta das 19h, no entanto, quando os convidados já estavam indo embora, dois homens armados invadiram o espaço e começaram a atirar. Três pessoas morreram e outras três ficaram feridas. As vítimas foram socorridas para a UPA Justinópolis e, depois, encaminhadas para o Hospital Risoleta Neves, em BH.

Quem são as vítimas?

Morreram Heitor Felipe, de 9 anos, o pai dele, Felipe Júnior Moreira Lima, de 26 anos, e uma prima, Layza Manuelly de Oliveira, de 11. A família comemorava o aniversário de Heitor no espaço de festas, quando o ataque aconteceu.

Os disparos atingiram ainda outras três convidadas: uma adolescente de 13 anos, a mãe dela, de 41, e uma jovem de 19. Elas foram socorridas para a UPA Justinópolis e, depois, encaminhadas para o Hospital Risoleta Neves, em BH.

A adolescente e jovem se recuperaram bem. A mulher de 41 anos, no entanto, ainda é monitorada de perto pelas equipes médicas. Familiares tratam a sobrevivência dela como um milagre.

O que motivou o crime?

Segundo o capitão Arley Santos, da Polícia Militar, o crime foi motivado pela guerra do tráfico na região do Morro Alto, em Vespasiano. O alvo dos disparos seria a vítima de 26 anos, pai do aniversariante, e que estaria envolvido com essa disputa. “[As vítimas] vieram para Ribeirão das Neves comemorar o aniversário. Mas [o crime] tem a ver com uma guerra [do tráfico] de Vespasiano que já estaria acontecendo há algum tempo”, afirmou.

*Por O Tempo

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