A crise na Petrobras e uma possível troca no comando da estatal não estiveram entre os assuntos discutidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante encontro com representantes das centrais sindicais na Granja do Torto, em Brasília, neste sábado (6). Entre os presentes estava um membro da Federação Única dos Petroleiros (FUP). Contrariando o desejo do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a representante sindical dos petroleiros manifestou apoio público na última quinta-feira (4) à permanência de Jean Paul Prates na presidência da Petrobras.
Apesar do cenário, o assunto não foi tratado à mesa, segundo o ministro Márcio Macêdo, da Secretária-geral da Presidência da República, que participou da reunião na residência oficial. “Tratou-se da necessidade de fortalecer e discutir o papel social da Petrobras para ter um alcance maior na sociedade brasileira. Mas, não foi tratado nenhum tema em relação a mudanças na Petrobras ou conflitos na Petrobras”, declarou após o encontro. “Falou-se da necessidade de uma Petrobras que seja além do petróleo”, pontuou o ministro, citando que a transição ecológica esteve na pauta.
O presidente Lula recebeu, além da FUP, outras centrais sindicais na Granja do Torto, entre elas o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag). Entre as razões que levaram à realização da reunião estão uma aproximação entre o governo e setores aliados e medir a temperatura deles em relação ao segundo ano de mandato petista, que sofre queda na popularidade nestes primeiros meses de 2024.
Alerta na Petrobras
A crise na Petrobras se agravou no mês passado com a decisão do governo de não distribuir os dividendos extraordinários da ordem de R$ 43,9 bilhões para os acionistas. A determinação prejudicou o desempenho da petroleira no mercado, que perdeu cerca de R$ 55 bilhões de seu valor em um dia.
Com a pressão do mercado, os ministros Fernando Haddad, da Fazenda, e Alexandre Silveira, de Minas e Energia, aguardam que o Conselho de Administração da Petrobras entregue ao Governo Federal um plano de investimentos para avaliar a possibilidade de distribuição desses dividendos retidos em março. A indisposição entre a gestão Lula e a Petrobras é representada principalmente nas figuras de Silveira e Jean Paul Prates, atual presidente da estatal.
O ministro de Minas e Energia tem manifestado desejo de mudança no comando da Petrobras. Na contramão, a Federação Única dos Petroleiros e conselheiros têm reagido negativamente à fritura de Prates. “Criticamos o espancamento público que o presidente da Petrobras está sofrendo. Reconhecemos sua atuação no fortalecimento da empresa, bem como na retomada do diálogo com a categoria petroleira”, escreveu o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, no X. “Entendemos, porém, que a decisão final será do presidente Lula”, concluiu.
*Por Rádio Itatiaia