Moradores e comerciantes do Prado, na região Oeste de Belo Horizonte, enfrentam uma onda de arrombamentos que tem provocado medo e prejuízos. A revolta é ainda maior pelo fato de o bairro abrigar uma Academia da Polícia Militar (APM). A avaliação da comunidade local é a de que a unidade não tem sido suficiente para intimidar os bandidos. A Polícia Civil investiga as ocorrências.
Os furtos ocorrem, principalmente, durante as madrugadas. As vítimas alegam que a maior parte dos suspeitos é formada por moradores de rua e usuários de drogas. Só nas Faculdades Promove, que fica a um quarteirão da APM, foram pelo menos quatro furtos desde o início do ano.
O último ocorreu nesse fim de semana, quando quatro homens invadiram um dos prédios da instituição de ensino pelos fundos e levaram dois aparelhos de ar-condicionado. Câmeras de segurança flagraram a rápida ação dos suspeitos na rua Ituiutaba. As imagens do circuito interno mostram que, em poucos minutos, dois homens entram no prédio, retiram os aparelhos e conseguem jogá-los na via. Em seguida, outra dupla se aproxima e leva os equipamentos em um carrinho de supermercado.
Um prédio vizinho à faculdade, na rua Gimirim, também tem sido alvo de ladrões. A síndica contou que foram quatro crimes desde setembro de 2023. Uma das invasões ocorreu por volta das 10h30, sendo levados celulares, notebook e outros eletrônicos.
Ex-presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Prado/Calafate (Amaprac), José Renato Barbosa mora na região há 50 anos e conhece bem os problemas locais.
O líder comunitário diz que a maioria dos crimes ocorre na parte mais baixa do bairro, como na rua dos Pampas, devido à proximidade com a avenida Tereza Cristina, usada como rota de fuga pelos bandidos. Segundo ele, a associação se desfez, mas parte dos moradores já se mobiliza para criar um novo grupo.
Como enfrentar o crime?
A pena para o furto varia de 1 a 4 anos. Ex-presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da OAB-MG, Anderson Marques avalia como “justa” a atual legislação. O professor de Direito das Faculdades Promove não vê necessidade de uma punição maior. Para o especialista, o enfrentamento ao crime demanda reforço no patrulhamento.
“Não é porque existem penas maiores que as pessoas vão pensar duas vezes antes de praticar o crime. Para reprimir é preciso um policiamento mais ostensivo. A polícia, com o seu setor de inteligência, consegue mapear as áreas com mais incidência desses crimes patrimoniais e, com isso, reprimir a prática. É preciso mais militares nesses locais”, afirma Anderson Marques, que atualmente é vice-presidente da Associação Brasileira de Advogados Criminalistas em Minas.
A Polícia Civil informou que “está ciente” dos furtos na região Oeste da capital, envolvendo o prédio da faculdade e outros imóveis. A instituição disse apurar os casos e cumprir diligências, como captação de imagens de câmeras de segurança e depoimentos de testemunhas, com o objetivo de identificar os suspeitos. A Polícia Militar também foi procurada, mas não respondeu até a publicação desta reportagem.
*Por Portal Hoje em Dia