Em julgamento finalizado nessa quinta-feira, 22, em Muriaé, na Zona da Mata, um ex-sargento da Polícia Militar de Minas foi condenado a 21 anos, cinco meses e 29 dias de prisão, em regime fechado, pelo assassinato da prima, cometido em junho de 2021. A vítima estava em um salão de beleza e foi alvejada com cinco tiros.
Conforme a promotora de Justiça Jackeliny Ferreira, que atuou no julgamento que teve início na quarta-feira (21), o ex-sargento foi denunciado por homicídio doloso qualificado e outros crimes conexos, como estelionato tentado e consumado, fraude processual e duas corrupções.
O réu, que já está preso há três anos, seguirá cumprindo a pena em regime fechado.
Entenda o caso
O então policial militar contraiu empréstimos e dívidas em montante incompatível com a remuneração que recebia. Em março de 2021, procurou uma tia e sondou a situação econômica da parente. Ela confidenciou ao sobrinho que estava inadimplente em, aproximadamente, R$ 23 mil devido à utilização de cartões de crédito.
Na ocasião, ele teria apresentado uma solução à tia, que deveria contratar seguros para cartões de crédito no nome da filha. Assim, ela figuraria tão somente como beneficiária em caso de sinistro. E, de acordo com denúncia do Ministério Público de Minas, colocou-se à disposição para resolver tais encargos e burocracias: desde o contato com as seguradoras, até o gentil pagamento dos prêmios.
Sem nada revelar à filha, a mulher entregou os documentos pessoais, próprios e da filha, ao então policial, que passou a interagir com diversas seguradoras de vida e a celebrar apólices em nome da prima, todas tendo como objeto morte acidental e apontando, como beneficiária, a tia.
O ex-sargento se fez passar pela vítima por diversas vezes para contratar seguros, entre março e maio de 2021. O montante final das indenizações contratadas foi de R$ 7,5 milhões, valor que seria duplicado em caso de morte acidental.
Com ajuda de um comparsa, também policial, assassinou a prima na manhã do dia 1º de junho daquele ano, com vários disparos de arma de fogo. Nos dias que vieram, o réu, freneticamente, contatou as seguradoras, solicitando o pagamento das indenizações pela morte acidental da prima, se passou pela tia da vítima por diversas vezes, além de ter acionado um médico legista desejando a ágil emissão do laudo de necropsia da vítima.
Diante dos evidentes indícios de estelionato, e agindo a mando das seguradoras, a auditora noticiou os fatos à Polícia Civil. O ex-policial chegou a contratar um advogado para defendê-lo. O profissional tentou corromper um policial civil, por duas vezes, oferecendo uma quantia entre R$ 200 mil e R$ 400 mil, proposta que foi rechaçada.
Por conta de recurso o outro policial envolvido ainda aguarda julgamento.
*Por Portal Hoje em Dia