A falsa enfermeira Cláudia Mônica Torres, acusada de aplicar dezenas de falsas vacinas contra a Covid-19 em empresários de Belo Horizonte, começa a ser julgada nesta quinta-feira (1º) em Belo Horizonte. Outras cinco pessoas, incluindo o companheiro e o filho dela, também teriam participado do esquema, que teria movimentado R$ 700 mil.
A Itatiaia apurou que a Justiça recebeu um pedido do Ministério Público para que a audiência de instrução e julgamento fosse adiada, mas a solicitação foi recusada pelo juiz Rodrigo Heleno Chaves, que ainda autorizou a falsa enfermeira a participar da reunião por videoconferência. Nesta audiência, as partes apresentam provas e argumentam diante do juiz. Além disso, testemunhas são ouvidas e debates para esclarecimento de fatos podem ocorrer.
Pelo menos quatro testemunhas foram convocadas para a audiência desta segunda. Entre eles, está o empresário Rômulo Lessa Carvalho, que admitiu ter comprado a vacina falsa contra a Covid-19. Ele e o irmão, Robson Lessa, são donos da Saritur, uma das maiores empresas de transporte público de Minas Gerais.
A Itatiaia tenta contato com a defesa de Cláudia Mônica Torres. O advogado da acusada não disponibiliza seu telefone de contato em sua página na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O espaço segue aberto.
Falsa vacinação
Em junho de 2022, a Justiça aceitou denúncia contra Cláudia Mônica Pinheiro Torres de Freitas e mais cinco pessoas por estelionato, associação criminosa, uso de documento falso e lavagem de dinheiro. Todos foram denunciados pelo Ministério Público.
Ela participou de uma vacinação clandestina contra a Covid-19, em março de 2021, quando apenas profissionais da saúde e idosos estavam sendo vacinados em Belo Horizonte. Cláudia Mônica e os outros envolvidos enganaram empresários e familiares, oferecendo doses de vacinas que, na verdade, eram soro fisiológico. A falsa vacinação aconteceu em uma garagem de ônibus em Belo Horizonte, e também na casa de empresários.
Investigações
Durante as investigações da Polícia Federal (PF), a corporação concluiu que o companheiro dela Ricardo Almeida, o filho Igor Torres e Júnior Guimarães, que atuou como motorista durante a falsa vacinação, cometeram os crimes de estelionato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Vagner Torres e Daniele Torres, também parentes de Cláudia, foram denunciados por associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Segundo as investigações, a falsa enfermeira aplicou um golpe em quem tomou a substância aplicada por ela. Empresários mineiros chegaram a pagar R$600. Na época do esquema, o imunizante ainda engatinhava para chegar em grande escala no Brasil, priorizado para idosos e grupos de risco. Durante o inquérito, foi constatado que as pessoas que contrataram a falsa enfermeira receberam soro fisiológico ao invés de vacina.
Cláudia Mônica Torres chegou a ficar presa por cerca de cinco dias, entre março e abril de 2021, no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, no bairro Horto, em Belo Horizonte. Ela deixou o presídio após o Tribunal Regional Federal (TRF-1) conceder liberdade provisória a então investigada.
Nova função
Cláudia Mônica Pinheiro Torres de Freitas, falsa enfermeira que será julgada por aplicar falsa vacina contra Covid-19, continuava atuando na área da saúde em Belo Horizonte, pelo menos até fevereiro de 2023. A Itatiaia apurou que ela cuidou de uma idosa que sofre de enfisema pulmonar e artrite reumatoide durante oito meses, até pedir demissão de maneira repentina, alegando ter sofrido um acidente de trabalho que teria causado rompimento de um tendão. Agora, a falsa enfermeira entrou na Justiça contra a idosa cobrando direitos trabalhistas, indenização por dano moral e dinheiro para bancar o suposto tratamento.
*Por Rádio Itatiaia