Dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) apontam que, apenas neste ano, quase 2,8 mil acidentes aconteceram no trecho de Minas Gerais da BR-040. A rodovia federal é apontada como a estrada com o maior trânsito de veículos pesados e carretas de mineradoras. No início deste mês, uma das vítimas foi Breno Rodrigues, de 25 anos. Ele morreu na BR-040, na altura de Congonhas, na Região Central do estado. O carro em que Breno e dois colegas estavam foi atingido por uma carreta carregada de minério.
João Paulo Rodrigues, tio de Breno, diz que que toda a cidade de Congonhas corre perigo na rodovia, chamada por ele de “assassina”.
“É uma situação muito triste que temos vivido. A gente presencia, todos os dias, acidentes na rodovia, com crianças e idosos. Temos sofrido bastante com esses acidentes. São só mortes, mortes e mortes”, afirma, à Itatiaia.
João diz que ele e Breno já participaram de inúmeros resgates de feridos em acidentes na via, marcada por um traçado antigo e por falhas na sinalização.
“Todos falam da Fernão Dias, mas estão esquecendo desse trecho (BR-040). O que mais dói é que tiraram os corpos deles como se fossem um saco de lixo que você pega e joga no chão”, completa, relembrando o acidente que tirou a vida do sobrinho.
Carlos Eduardo Matosinho, de 21 anos, também morreu no acidente envolvendo Breno. O jovem estava no mesmo carro. Eduardo Soares Raimundo, pai de Carlos, culpa a administração da via.
“Meu filho trabalhava comigo em uma oficina. Quando acordava, ele vinha trabalhar. É uma dor que não tem tamanho. Estamos em estado de choque. Fiquei muito, muito, muito chateado devido a esse acidente, que, infelizmente, foi imprudência da Via 040”, aponta.
Prefeito cobra solução
Como já mostrou a reportagem, prefeitos, empresários e até mesmo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) defendem formas de escoar o minério do Quadrilátero Ferrífero de outra forma que não a passagem pelas BRs 040 e 356. O governo federal também encampa o tema. Uma das possibilidades é utilizar ferrovias do entorno. Estradas alternativas, como a chamada “Rodovia do Minério”, são citadas como hipóteses.
Segundo o prefeito de Congonhas, Cláudio Antônio de Souza (MDB), a criação das vias alternativas é imprescindível.
“No trecho de Nova Lima a Lafaiete, Congonhas tem, sozinha, 22 quilômetros do tráfego mais intenso. Por ali, temos as principais mineradoras. Congonhas é um foco muito importante desse tráfego mais intenso. Todas essas intervenções serão muito importantes e necessárias para garantir segurança. Grande parte de Congonhas trafega dentro da BR-040. Há bairros interligados na própria cidade, andando dentro da própria BR-040”, aponta ele, que integra a Associação dos Municípios Mineradores de Minas e do Brasil (Amig).
Cláudio lembra, ainda, que a BR-040 é utilizada por habitantes de cidades do entorno quando precisam se deslocar, por exemplo, até Belo Horizonte.
Em nota, a Via 040, que administra a BR-040, diz que vem realizando melhorias no trecho citado desde 2014. A concessionária não topou designar um porta-voz para conceder entrevista.
Mineração – estradas que impactam
Esta é a última reportagem da série “Mineração – estradas que impactam”. Leia os outros capítulos do especial
*Da Redação Itatiaia