A artista russa Alexandra Skochilenko, que fez um protesto e substituiu as etiquetas de preços em uma mercearia de São Petersburgo por mensagens contra a guerra da Ucrânia, foi condenada a sete anos de prisão.
De acordo com o serviço de imprensa do tribunal, Skochilenko foi considerada culpada de “divulgação pública de informações deliberadamente falsas sobre o uso das Forças Armadas da Federação Russa”.
A promotoria alegou que, em março do ano passado, Skochilenko “colocou fragmentos de papel contendo informações deliberadamente falsas sobre o uso das Forças Armadas da Federação Russa em locais para afixação de etiquetas de preços de mercadorias” em uma rede de supermercados em São Petersburgo.
Apesar de Skochilenko se declarar inocente da acusação e de a defesa pedir a absolvição, o tribunal impôs uma pena de sete anos, informou o serviço de imprensa numa publicação no Telegram.
A artista também recebeu uma proibição de três anos de atividades relacionadas com a utilização de “redes eletrônicas ou de informação e telecomunicações”
Skochilenko está em prisão preventiva desde abril de 2022, período em que a sua saúde tem deteriorado, segundo o jornal investigativo independente Novaya Gazeta.
Em sua última declaração no tribunal antes do anúncio do veredito nesta quinta-feira (16), Skochilenko questionou a percepção da ameaça representada pelas suas ações.
“Quão pouca fé tem o nosso procurador no nosso Estado e na sociedade se ele acredita que a nossa condição de Estado e segurança pública pode ser destruído por cinco pequenos pedaços de papel?”, disse.
Descrevendo a si mesma como pacifista, Skochilenko disse não compreender o propósito da guerra da Rússia contra a Ucrânia.
“Hoje, cientistas e médicos de todo o mundo lutam para aumentar a esperança de vida humana e encontrar curas para doenças mortais”, declarou.
“Portanto, não entendo: para que serve (esta) guerra? A guerra encurta vidas. A guerra é a morte”, acrescentou ela.
A diretora da Anistia Internacional para a Europa Oriental e Ásia Central, Marie Struthers, condenou a sentença.
Em nota, Struthers condenou o “veredito manifestamente injusto”, destacando que Skochilenko tinha sido “arbitrariamente privada da sua liberdade e mantida em condições torturantes durante 19 meses”.
Skochilenko “estava simplesmente tentando expor a agressão russa contra o povo da Ucrânia”, continuou Struthers.
“A sua perseguição tornou-se sinônimo da opressão absurdamente cruel enfrentada pelos russos que se opõem abertamente à guerra criminosa do seu país”, concluiu.
*Com CNN BRASIL