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Ônibus que levava corintianos estava com tacógrafo vencido há 3 anos e tinha 31 multas

O ônibus que levava torcedores do Corinthians e se acidentou na madrugada deste domingo (20) tinha 31 multas, sendo oito por excesso de velocidade, e estava com o tacógrafo vencido há quase três anos, conforme o Instituto de Pesos e Medidas do estado de São Paulo (Ipem-SP).

O dispositivo é obrigatório em caminhões, ônibus e veículos acima de 4.536 kg ou capacidade para mais de dez passageiros. O tacógrafo é responsável por monitorar todo o trajeto e registra informações das viagens como distância percorrida, tempos de parada, direção e velocidade desenvolvida. Os dados são gravados em um papel ou fita que deve ser trocado a cada 24 horas. O objeto é considerado a ‘caixa preta’ dos veículos de carga e pode ajudar na redução dos acidentes.

Roberta Torres, especialista em trânsito, reclama da falta de fiscalização nas rodovias. “Não adianta existir dezenas de normas que buscam um comportamento seguro, se o motorista sabe que tem uma mínima chance de ser abordado numa fiscalização”. Outro ponto questionado pela profissional é a retirada de radares das rodovias. “Infelizmente, tivemos uma política de sucateamento dos sistemas de fiscalização no governo anterior com a não renovação de vários contratos de radares, além de poucos investimentos em manutenção de rodovias. Basta ver os relatórios de avaliação das condições das rodovias federais nos últimos anos”, completa.

Nesta terça-feira (22), um acidente envolvendo ao menos sete veículos, incluindo uma carreta, interditou o Km 528,8 da Fernão Dias em Brumadinho. Apenas 3 km separaram os dois trechos.

Multas

Segundo informações contidas no Registro Nacional de Infrações de Trânsito (RENAINF), o ônibus, com placas LPH-3885, de Jacareí (SP),possuía 31 multas vencidas, sendo oito destas por excesso de velocidade. Entre as outras infrações, estavam: condução fora da faixa de veículos e estacionamento em local proibido.

O veículo está registrado em nome da empresa CFV – Martins Transportes ME.

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informou à Itatiaia, no domingo (20), que o ônibus não tinha registro e nem autorização para realizar transporte interestadual de passageiros.

Quatro perguntas sobre a BR-381

O acidente aconteceu na Fernão Dias, na madrugada deste domingo (20), no km 525 da rodovia, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Em conversa com a Itatiaia, a especialista em trânsito Roberta Torres analisou as condições da rodovia, que é administrada pela iniciativa privada.

Qual o trecho mais perigoso da Fernão Dias na Grande BH? É mesmo a Serra de Igarapé?

“Na verdade, infelizmente, existem vários trechos dela que são considerados mais perigosos. Mas, como os próprios dados da Polícia Rodoviária Federal, os sinistros de trânsito estão mais frequentes e com trechos mais críticos estão entre os quilômetros 480 e 530. Inclusive, onde esse acidente com os torcedores aconteceu. A 381 é a rodovia com o maior número de sinistros do Brasil.”

Quais as características da pista no trecho da Serra de Igarapé? O que mais demanda atenção dos motoristas?

“Além de ter como característica um número alto de circulação de veículos de grande porte, são trechos com muitos declives e muitas curvas sinuosas. Isso demanda dos motoristas muita atenção, especialmente daqueles de grande porte. Como os declives são fortes e as reduções de velocidade e uso dos freios muito frequentes, por vezes, somado à falta de manutenção dos veículos e até a imperícia de alguns condutores, vira uma condição extremamente arriscada. Como ocorreu nesse caso em que o motorista ao perceber a perda de freios não conseguiu conter o veículo a tempo.”

É um trecho concessionado. Falta ação da empresa no trecho, ou ele é bem sinalizado e asfaltado?

“Exatamente por ser um trecho concessionado cabe aos órgãos que concederam a rodovia fiscalizar e exigir que as medidas de segurança sejam adotadas. Se os números demonstram essa quantidade exagerada de sinistros, algo precisa ser feito urgentemente, porque isso indica que o que existe lá não está sendo suficiente. Não adianta apenas colocar a responsabilidade nos condutores. as vias precisam ser seguras e possuírem elementos que reduzam as chances de ocorrer um sinistro tão grave como este. A própria área de escape que vem sendo bastante efetiva em vários locais no país e a exemplo aqui no Anel Rodoviário é um exemplo. Ou a gente compartilha as responsabilidades como a premissa da Filosofia Visão Zero iniciada na Suécia ou a gente vai continuar contabilizando mortos todos os dias, não apenas nesses trechos, mas em outros também.”

Nestes acidentes, vemos motoristas que extrapolaram quantidade de multas, tacógrafo vencido. Como coibir irregularidades no transporte de passageiros e carga?

“A fiscalização nesse aspecto tem um papel muito importante. Não adianta existir dezenas de normas que buscam um comportamento seguro, se o motorista sabe que tem uma mínima chance de ser abordado numa fiscalização. Infelizmente, tivemos uma política de sucateamento dos sistemas de fiscalização no governo anterior com a não renovação de vários contratos de radares, além de poucos investimentos em manutenção de rodovias. Basta ver os relatórios de avaliação das condições das rodovias federais nos últimos anos. Então, fiscalização anda junto com engenharia e também com a educação.”

*Da Redação Itatiaia

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