Uma mulher está processando o investidor bilionário Leon Black, acusando-o de estuprá-la na casa de Jeffrey Epstein em Manhattan quando ela tinha 16 anos.
O processo descreve em detalhes macabros o relato da mulher sobre a agressão sexual que a deixou sangrando e soluçando. Seus advogados dizem que a mulher tem autismo e uma forma rara de síndrome de Down que a deixou “desenvolvida […] com cerca de 12 anos”.
A advogada de Black, Susan Estrich, disse que ele nunca conheceu a mulher e chamou o processo de “frívolo” e cheio de “mentiras cruéis e difamatórias”. Estrich também diz que o processo foi “fabricado pelo escritório de advocacia Wigdor”, que havia apresentado uma queixa anterior de agressão sexual contra Black que acabou sendo descartada.
Um porta-voz de Black, Whit Clay, ecoou a negação de Estrich, dizendo que o escritório de advocacia “tem um propósito” e que sua credibilidade foi contestada pela rejeição do processo anterior.
Em resposta à alegação de vingança, Jeanne M. Christensen, sócia da Wigdor, disse que as “teorias da conspiração e acusações de Black são uma tentativa óbvia de desviar o foco de seus atos hediondos”.
Black, de 71 anos, é cofundador e ex-CEO da Apollo Global Management. Ele deixou a empresa de private equity em 2021, logo após uma reportagem do New York Times revelar que ele supostamente tinha jantares regulares com Epstein e o pagava por consultoria e outros serviços. Uma investigação interna da Apollo que documentou seu pagamento de US$ 158 milhões a Epstein não encontrou irregularidades.
O processo mais recente é o terceiro a acusar publicamente Black de estupro. Ele negou todas as acusações. Além do caso que foi descartado, outra denúncia, apresentada por Cheri Pierson em novembro, acusa Black de uma violenta agressão sexual que a deixou “inchada, dilacerada e sangrando”.
Jeffrey Epstein cometeu suicídio na prisão em 2019 enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual de menores. Nos anos que se seguiram, vários financiadores de Wall Street e outras figuras de destaque foram investigados sobre seus laços sociais ou profissionais com Epstein.
No ano passado, em um momento crucial na investigação em curso sobre os crimes de Epstein, sua confidente de longa data Ghislaine Maxwell foi condenada a 20 anos de prisão federal por seu papel no que os promotores chamaram de um esquema de anos para aliciar e abusar sexualmente de meninas menores de idade.
O último processo foi aberto no tribunal federal de Nova York na terça-feira (25), mesmo dia em que o Comitê de Finanças do Senado disse que estava investigando se o pagamento de US$ 158 milhões de Black a Epstein fazia parte de um esquema para evitar o pagamento de mais de US$ 1 bilhão em impostos federais sobre doações e propriedades.
A equipe jurídica de Black respondeu ao senador Ron Wyden, que está liderando a investigação, em uma carta compartilhada com a CNN dizendo que Black “se recusa” a compartilhar informações adicionais com o comitê “neste momento”.
O porta-voz de Black, Whit Clay, disse em comunicado à CNN que todas as transações foram legais e que Black pagou integralmente todos os impostos devidos ao governo.
Black disse anteriormente que lamenta “profundamente” seu envolvimento com Epstein, que ele caracterizou como uma relação profissional que incluía “planejamento imobiliário, impostos e empreendimentos filantrópicos”.
Epstein se declarou culpado de duas acusações estaduais de prostituição em 2008 e cumpriu 13 meses de prisão. Ele foi preso novamente em 2019 sob a acusação de tráfico sexual de menores. Enquanto aguardava julgamento, se suicidou.
No processo movido por Jane Doe, os advogados dizem que ela foi “enviada” em 2002 para a cidade de Nova York para conhecer Black, de quem Doe se lembra de ter sido apresentado como o “amigo especial” de Epstein.
De acordo com seus advogados, Epstein a apresentou a Black e a instruiu a dar a ele “o mesmo tipo de massagem que ela deu a Jeffrey Epstein quando ele a ordenou”. O processo diz que isso significava que a massagem “envolvia relações sexuais e esperava-se que ela se despisse”.
Black, de acordo com o processo, “agarrou a mão dela com tanta força que ela pensou que ele havia quebrado ossos”, diz o processo.
O processo descreve o relato da mulher de ter sido imobilizada e agredida. Diz que Black a chamou de “nomes humilhantes, vergonhosos e nojentos” enquanto a forçava e causava “dor inimaginável”.
Os advogados estão buscando danos não especificados a serem determinados em julgamento para a demandante, que agora está na casa dos 30 anos.
*Com CNN BRASIL