As decisões do Fed e do Copom foram os destaques do mês. O comunicado do BC americano não trouxe grandes novidades, mas o discurso de Powell foi mais explícito, indicando que o mercado de trabalho americano está mais fraco, o que reduz as pressões inflacionárias. Dados recentes mostraram que os pedidos de seguro-desemprego aumentaram para quase 1,9 milhão, com um número semanal de 240 mil pedidos. O dado de criação de empregos de julho foi ruim, com apenas 114 mil vagas criadas, contra uma expectativa de 170 mil. O desemprego nos Estados Unidos subiu para 4,3%, um aumento significativo em relação aos 4,1% anteriores e comparado aos níveis abaixo de 4% de alguns meses atrás. Powell destacou que o mercado de trabalho americano está se normalizando, com o número de vagas por desempregado caindo para quase um para um, porém ainda acima da média histórica de meia vaga por desempregado.
A inflação também apresentou sinais de melhora, com o CPI mostrando deflação e outros indicadores como o PCE em melhora. Tudo indica que um corte de juros de 0,25% virá em setembro. Powell foi claro ao afirmar que não haverá um corte de 0,50%. A expectativa majoritária é de dois cortes de 0,25%, levando os juros americanos a 5% no final do ano. Isso beneficia os mercados emergentes, especialmente o Brasil. O título de 10 anos dos EUA caiu para menos de 4%. O Banco Central da Inglaterra também cortou juros em 0,25% após quatro anos. O cenário externo melhorou para o Brasil, com cortes de juros em países ricos, exceto no Japão, que recentemente aumentou os juros em 0,25% causando um susto em seu mercado acionário.
O Copom manteve os juros em 10,5%, conforme o esperado. A novidade foi um comunicado mais duro, indicando maior vigilância. O BC reconheceu a deterioração da inflação corrente e das expectativas de inflação no Brasil, além de um mercado de trabalho e economia mais aquecidos. O regime de metas contínuas agora aponta para um horizonte de 18 meses, mirando a inflação do primeiro trimestre de 2026. Mantendo a Selic em 10,5% até dezembro de 2025, o IPCA projetado é de 3,2%, um pouco acima da meta. Isso sinaliza que a Selic pode permanecer em 10,5% por um longo tempo ou até mesmo subir. Os comentários de Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do BC, feitos feitos depois da divulgação da ata foram bastante duros: o Banco Central vai aumentar a taxa de juros se for necessário. Galípolo afirma que o presidente Lula tem compromisso com a inflação.
Não faria sentido estabelecer a meta de inflação em 3% se não houvesse essa preocupação e também nomear diretores que não estivessem alinhados com essa meta. A curva de juros reagiu a isso, com o juro longo caindo bastante. O dólar perdeu força, com o real se valorizando após essas declarações. O dólar caiu para próximo de R$5,50, um movimento significativo nos últimos dias, vindo de R$5,75. Há incerteza ainda no mercado sobre quem será o próximo presidente do BC e os novos diretores, e qual será a postura do novo colegiado. Lula, Haddad e outros ministros sinalizaram cortes de gastos e preocupação com a inflação. O arcabouço fiscal deve continuar sendo cumprido e o Banco Central deve seguir combatendo a inflação. Esse continua sendo o cenário base para o Brasil.
A inflação do IPCA de julho mostrou uma alta de 0,38%, acima do esperado pelo mercado. A inflação acumulada no ano já é de 2,87%, quase atingindo a meta de 3% em 12 meses. A inflação de serviços acelerou para 0,75%, de 0,04%, com serviços mais estruturais subindo de 0,36% para 0,63%. Isso está ligado ao mercado de trabalho mais forte, com o desemprego em 6,9%, comparado aos 14,5% de dois anos atrás. Foram criadas quase 8 milhões de vagas, das quais cerca de 3 milhões são formais, o que pressiona os salários e dificulta o controle da inflação pelo Banco Central. A apreciação do real ajudaria muito nessa tarefa. Se o dólar voltar para baixo de R$5,50 o controle da inflação fica mais fácil. Os núcleos do IPCA subiram de 0,23% para 0,44%, mas a difusão caiu de 52% para 46,9%, uma boa notícia. No entanto, o IPCA corrente ainda é alto e complica o cenário de inflação para este ano.
Do lado da atividade econômica, o dado de produção industrial no Brasil, com um aumento de 4,1% em junho, foi impressionante. Essa é a maior alta desde a pandemia, indicando um crescimento significativo. Isso possivelmente está ligado às medidas de estímulo do governo, como financiamento do BNDES e investimentos em inovação, a uma taxa de câmbio mais desvalorizada, além da recuperação da produção no Rio Grande do Sul. Empresas como a Embraer apresentaram resultados excepcionais, mostrando que a indústria brasileira está se recuperando. A economia brasileira está em expansão, com um crescimento projetado de 2,5% para este ano. O desemprego caiu para 6,9% e houve a criação de 200 mil vagas formais na última leitura do CAGED, totalizando quase 1,5 milhão de vagas criadas desde o começo do ano. O mercado de trabalho brasileiro está em um momento muito forte, mostrando que a economia está se expandindo, o que é uma boa notícia. No entanto, isso torna o controle da inflação mais desafiador para o Banco Central.
*Por CNN BRASIL